terça-feira, 29 de julho de 2008

Passeios por um consulado

Rapaz... Esse negócio de fazer intercâmbio dá trabalho, viu?!
Desde fevereiro quando a UFPE abriu as inscrições para intercâmbio de alunos que desejavam viajar em setembro que eu venho percorrendo um caminho de muitos papéis e de muitas esperas. São testes, disputas por bolsas, preparação de documentos, carta de aceitação da instituição estrangeira (até greve nos correios teve pra atrapalhar isso!) e o bendito visto!
Ahhh... Nada como dar alguns vários passeios ao consulado espanhol! hehehehehe
A gente vai lá pra saber do que precisa, volta lá quando (acha que) está com toda a documentação certinha e, se depender de Antônia, voltamos lá mais algumas vezes. Antônia??? Figura ímpar que habita o consulado espanhol aqui em Recife. Se você não passou por ela na retirada do visto, não passou pelo consulado! Primeiro que temos que madrugar por lá (ou acabam-se as fichas e damos viagem perdida). Um porteiro meio lento de tempos em tempos manda subir a próxima ficha (a minha foi a nº 2! Praticamente ganhei na loteria). Lá em cima, ela nos recebe com toda a ‘simpatia’ e sotaque argentino (isso mesmo... argentino) que possui. Vamos cordialmente entregando aquela papelada toda pra ela e ‘conversando’ nesse meio tempo. Então chega a hora da verdade...
Antônia é do tipo de pessoa que quando está tudo certo ela fica muito frustrada. Sendo assim, meu amigo, ela vai catar em todos os seus papéis alguma coisinha que lhe faça voltar lá! E digo mais, se prepare por que ela vai achar! Uma pessoa com instinto ‘Polyana’ acreditaria que ela faz isso para vê-la novamente. Afinal, você é tão simpática! Ela adoraria vê-la numa outra linda manhã de sol no consulado!
Como eu não tenho a menor paciência para Polyana, acredito mesmo é que ela gosta de achar cabelo em ovo! E não é que ela achou cabelo nos meus documentos? Segundo ela, meu atestado médico estava incompleto. Explicando: minha médica colocou “livre de doenças de quarentena, infecto-contagiosas e parasitárias, não apresentando sinais de consumo de drogas ilícitas e bla bla bla” (é mais ou menos esse o textinho que dizem para a gente colocar). Na verdade, Antônia queria que o atestado descrevesse tais doenças... Colocasse lá que não tenho cólera, malária, febre amarela ou peste (acho que até hoje a Espanha é assombrada pela peste... Só isso explicaria!). Juro a vocês que veio na ponta dessa minha lingua ferina “e por acaso essas doenças aí não seriam de quarentena, infecto-contagiosas ou parasitárias?”. Respirei fundo e disse a mim mesma “Seja simpática... reconheça seu erro! É desta criatura que virá seu visto lindo!”. Bom... Tirando essa ‘pedra no caminho’, tudo estava ok. Já na saída, não resisti e perguntei a ela se, de acordo com toda a experiência que ela tinha (a gente tem que puxar o saco um poquinho, né?!) e com os documentos que eu entreguei, teria possibilidade do meu visto ser negado. Sinceramente, nessas horas a gente só precisa de uma palavra de conforto... Uma resposta esperançosa, mesmo que seja mentirosa. Mas Antônia não acredita muito nisso e ela não me daria essa alegria de graça... A resposta veio num tom seco e cortante (e com o maldito sotaque argentino!): “Bom... é 50% de chance de ser negado ou 50% de não ser... Se eu lhe disser agora que será negado, agora mesmo você me mata (como ela adivinhou meu desejo mais secreto???). Se eu disser que não será e ele for, você volta aqui querendo me matar”. E eu ainda retruquei: “Mas é que a gente se prepara tanto... são tantos planos...”. E ela enfiou o resto da faca no meu coração: “É... mais isso também faz parte do processo. Em seus planos, você tem que aprender a esperar”.
Bom...Coloquei meu rabinho entre as pernas, engoli seco, disse "muito obrigada e bom dia" e peguei meu rumo!

Dois dias depois estava eu lá de volta para levar o atestado refeito! Não tive tanta sorte dessa vez... Minha ficha era a nº 14! Passei uma manhã bem interessante na salinha de espera. Pelo menos tinha gente na mesma situação pra bater um papo legal e matar o tempo! O assunto mais abordado? Antônia, claro!

2 comentários:

  1. Caramba... Esse texto foi só pra falar do visto. Imagina se tu contar as histórias do assaltos? Dá um livro. eu tenho até trilha sonora pras tuas histórias com os ladrões do Recife. Beijos!

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  2. Oi Lívia! Que bom vc ter voltado a escrever, eu mesmo era fã da desajeitada ^_^
    Putz, atendente de consulado com sotaque argentino... Dá vontade de esganar mesmo. Espero que tudo corra bem pra você ir pra Espanha, que bacana!
    Tudo de bom!

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